O Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado (FNRE)
O Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado foi prometido em 2015, mas à data de hoje não reabilitou edifício nenhum!
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No seguimento da grande polémica que afeta a Parpública, empresa através da qual o governo comprou em 2021 acções dos CTT, importa conhecermos algumas das empresas participadas a 100% por este empresa.
Uma das empresas que desde logo também suscita curiosidade, para além da CONSEST, sobre a qual já escrevi, é a FUNDIESTAMO.
Mas afinal o que faz a Fundiestamo?
A Fundiestamo é a empresa pública, 100% participada pela Parpública, que gere os fundos imobiliários do Estado.
E é aqui que vamos encontrar mais uma pérola de um governo socialista de 8 anos (2015-2023).
Um dos fundos geridos por esta sociedade é precisamente o Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado (FNRE).
Mas vamos à história e cronologia deste FNRE:
junho 2015 - Prometido no programa eleitoral do PS como instrumento de “Nova geração de políticas de habitação”;
dezembro 2015 - Promessa repetida no programa do governo;
abril 2016 - António Costa anuncia 1.400 milhões de euros, 7.500 casas e 800.000 m2 de habitações;
maio 2016 - afinal serão apenas 500 milhões de euros e 2.702 casa até 2020;
setembro 2016 - Resolução do Conselho de Ministros n.º 48/2016, determina que “a criação do Fundo deve estar concluída até 31 de outubro de 2016”;
novembro 2016 - O FNRE está a funcionar em início de 2017;
abril 2017 - "o Fundo estará a funcionar em pleno até ao final do primeiro semestre deste ano";
junho 2017 - “O Governo acredita que o Fundo esteja em funcionamento no início do quarto trimestre deste ano”. Portanto em outubro de 2017;
dezembro 2017 - o “Fundo para reabilitação já está em marcha” e afinal não vai ser um fundo, mas sim dois sub fundos;
abril 2018 - o Fundo ficará pronto “em menos de um mês”;
maio 2018 - “a recuperação de casas para renda acessível arranca com cinco milhões”, mas o fundo continua sem existir;
junho 2018 - o fundo continua sem existir, mas agora será será “uma parceria Pública-Pública virtuosa”. Não existe ainda aprovação da CMVM
agosto 2018 - a Secretária de Estado da Habitação faz-nos agora mais uma promessa noticiada pelo Idealista: “O Fundo é um dos grandes desafios que o Governo enfrenta”e “esperamos que no próximo ano (2019) já esteja constituído um conjunto alargado de sub-fundos”.
abril 2019 - após quase três anos de promessas bacocas finalmente começa a haver movimentações no fundo através da criação de três sub fundos:
Imomadalena - iniciou o seu funcionamento em Abril de 2019 e é constituído pelo imóvel da Rua da Madalena, 198 - Lisboa;
Imoaveiro - iniciou o seu funcionamento em Abril de 2019 e é constituído pelo imóvel da Rua Combatentes da Grande Guerra, 68 - Aveiro;
Os edifícios destes dois subfundos encontram-se, à data de hoje, neste estado de conservação e as prometidas obras de requalificação parecem teimar em não acontecer!
julho 2019 - entrou em funcionamento mais um subfundo:
Imoresidências - Iniciou o seu funcionamento em Julho de 2019 e é constituído por um único imóvel. O já famoso edíficio do ex-Ministério da Educação na Avenida 5 de Outubro, 107. Curiosamente, à data de hoje, este subfundo encontra-se em liquidação porque, afinal o edifício da Av. 5 de Outubro pertence à ESTAMO (outra empresa participada a 100% pela Parpública) e esta é beneciciária do PRR no montante de 26,1 milhões € e que deverá financiar 3 residências estudantis – Av. 5 de Outubro, 107; Ex Estabelecimento Prisional de Santarém e Antigas Instalações Fabris em Seia.
novembro 2022 - mais um sub fundo inicia o seu funcionamento:
Cabeço da Bola - Edifício vendido pela ESTAMO (Imobiliária do Estado) ao FNRE para que nele pudesse ser construída habitação acessível. As obras foram prometidas e o seu início deveria de ter ocorrido em 2023 (segundo a promessa feita em Fevereiro de 2023) num investimento total de 65 milhões €. Até agora nada aconteceu!
Entretanto, é importante referir que na criação do FNRE estava a intenção do governo PS de proceder à requalificação e recuperação dos Imóveis do Estado e reconvertê-los em habitação acessível.
Não seixa de ser curioso que, depois de 2016, o Estado - através da ESTAMO e da Direcção Geral de Tesouro e Finanças (DGTF) - se tenha desfeito de alguns edifícios que poderiam ter integrado este fundo.
Deixo aqui apenas alguns (bons!) exemplos:
R. Soc. Farmaceutica, 36-38, Lisboa
Av. Almirante Reis, 101, Lisboa
Rua das Janelas Verdes, Lisboa
PM 95, Antigo Quartel da Bateria do Carrascal, Linda-a-Velha
Largo do Intendente, Lisboa
Rua D. Carlos Mascarenhas, nº 46-46B, Lisboa
Chalet Faial, Cascais
Rua da Junqueira, 112-114, Lisboa
Rua Conselheiro José Silvestre, 4, Lisboa
Antigo Quartel da Estrela, Lisboa
R. Serpa Pinto , 75 a 83, Vila Nova de Gaia
R. Castilho, 203/ R. Padre António Vieira, 1, Lisboa
Rua da Artilharia Um, 33, Lisboa
R. Filipe Folque, 67 a 67-C, Lisboa
Av. Casal Ribeiro, 48 a 48 C, Lisboa
Rua D. Estefânia, 14-16, Lisboa
Av. Casal Ribeiro, 16, Lisboa
Rua José Estevão, nº 22 e Rua Angra do Heroísmo, nº 3-3A, Lisboa
Av. Duque de Loulé, 39, Lisboa
Rua Combatentes da Grande Guerra, 170, Coimbra
Urbanização Quinta do Jacarandá, (12 Lotes), Quelfes, Olhão
Antiga Fábrica, Avidos, Vila Nova de Famalicão
Av. 5 de Outubro, 87, Lisboa
IVV, Senhora da Guia, Santarém
Antigo Dispensário de Alcântara, Rua Tenente Valadim, Lisboa
Av. Almirante Gago Coutinho, nº 132-132A, Lisboa
Antigas Instalações do Grupo nº 1 de Escolas de Armada, Vila Franca de Xira
Av. Almirante Gago Coutinho, 30, Lisboa
Rua da Quinta Amarela, 70, Porto
Alto dos Escaroupins
Av. Independência das Colónias, Setúbal
Lotes de Terreno Perogil, Tavira
Antigas Instalações da Vinha e do Vinho de Chaves
Estrada de Benfica, 382, Lisboa
Av. José Malhoa, 11, Lisboa
Rua da Tebaida, 9, Setúbal
Terreno sito na Av. Dr. Alfredo Bensaúde, Lisboa
Quinta da Raiz, Lote 25 e 26, Tomar
Intituto do Vinho e da Vinha, Lourinhã
Antigo Hospital do Desterro, Lisboa
Antigas instalações do Hospital da Marinha, sitas no Largo Dr.Bernardino António Gomes (Pai) e Rua do Paraíso n.º 7 e 9, Lisboa
Terreno para construção, com 19.859,63 m2, sito na Praia de Albarquel, Setúbal
Rua da Emenda n.ºs 41-47 e Travessa Guilherme Cossoul, Lisboa
Largo de Santo António da Sé n.º 1 e Travessa de Santo António da Sé n.º 21, Lisboa
terreno para construção, sito na Estrada da Torre, nº 75, Lisboa
Rua Conde Redondo, 129, Lisboa
Antigo Quartel de São Brás, Porto
Rua 31 de Janeiro, nº 32 e Rua da Madeira n.ºs 220 e 224, no Porto
Rua da Bandeira, 415 a 421, em Viana do Castelo
Como o FNRE foi pensado para receber imóveis da propriedade do Estado e, posteriormente, de particulares, é normal que tenha começado a funcionar apenas a partir de abril de 2019 e que mesmo após esta data nunca tenha funcionado.
Para os particulares é óbvio que não existe confiança num governo PS trapalhão e aldrabão e que o fundo não desperta interesse algum.
Quanto aos Imóveis do Estado a trafulhice foi ainda maior, dado que em dezembro de 2017 o Governo PS publicou o Decreto-Lei n.º 150/2017 que, na prática, obrigava todos os organismos públicos a entregar ao Fundo os imóveis que estivessem disponíveis.
Mas como já ficámos a saber, os imóveis, para além de nunca terem sido entregues ao FNRE, foram todos (ou quase todos!) vendidos a interesses imobiliários e hoteleiros, bem como é importante não esquecer, que a própria Segurança Social vendeu parte do seu património imobiliário, tendo 12 edifícios deste espólio, sido adquiridos pela Câmara Municipal de Lisboa.
É caso para dizer: "Isto é que vai aqui uma açorda!!!"
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