O que aconteceu ao Convento de Brancanes em Setúbal?

É um devoluto... mas não é do Estado. Porquê?

#devolutosdoestado

2/26/20242 min read

O Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes, ou simplesmente Convento de Brancanes foi fundado em 1682 por Frei António das Chagas, para lá se formarem missionários dos frades franciscanos, os chamados missionários do Varatojo.

O nome do Convento vem de D. Branca Anes, antiga senhora das terras onde o imóvel foi construído. A construção original do edifício é do final do século XVII e o imóvel, que fica entre Azeitão e Setúbal. Este imóvel funcionou como prisão entre 1998 e 2005.

Em 1998 o Ministério da Justiça comprou este edifício por 4 Milhões € ao Ministério da Defesa.

Em 2007 o estabelecimento prisional foi extinto e o edifício foi vendido à ESTAMO (Imobiliária do Estado) por 2,621 Milhões €.

Ainda antes de se tornar proprietária, a ESTAMO requereu à Câmara de Setúbal que alterasse o Plano Director Municipal, por forma a que na antiga cadeia pudessem ser construídos 18.300 m2 de habitação e equipamentos hoteleiros ou de saúde.

Também antes de se tornar proprietária, a ESTAMO publicitou em jornais a venda do Convento de Brancanes em Setúbal. A melhor proposta para a compra, pelo valor de 3,4 Milhões € terá sido a empresa Diraniproject III, de António Lamego, advogado que foi sócio dos dirigentes socialistas Alberto Costa, António Vitorino e José Lamego (seu irmão) na sociedade de advogados criada por estes últimos em 1999 e dissolvida em 2005, com a eleição de José Sócrates para Primeiro Ministro.

Também à data de apresentação da proposta de compra, a Diraniproject III também não existia.

A escritura de compra viria a ser celebrada mais de um mês depois da apresentação da proposta.

O pagamento do imóvel foi feito com cheques do BAI (Banco Africano de Investimentos) que foi investigado, em 2010, pelo senado dos EUA por suspeita de ser uma organização facilitadora da corrupção e do branqueamento de capitais. Ana Paula Gray, Administradora executiva do BAI, era também Vogal do Conselho de Administração de algumas firmas Diraniproject: Diraniproject SGPS, Diraniproject I, Diraniproject, etc.

Entretanto a Diraniproject investiu mais de 30 milhões de euros na compra de imóveis do Estado como o Convento das Mónicas e o Lazareto Novo no Porto Brandão. Sabe-se hoje que a Diraniproject era uma ponta da estrela Sonangol!

Um negócio ruinoso onde se perderam 600 mil € em menos valias.

O imóvel... esse continua à venda e ao abandono.... e os painéis de azulejos setecentista já desapareceram!